Jornal do Brasil/KATIA GUIMARAES, katia.guimaraes@jb.com.br
O PT decidiu lançar a pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sucessão presidencial de outubro no dia 27 de maio. Seguindo a estratégia traçada de não abandonar Lula e fazer dele um preso político, o partido pretende dar início a uma mobilização em torno do ex-presidente que está preso há mais de 40 dias. Diferentes tipos de atos como vigílias e debates vão ser montados nas 3 mil cidades do país onde o PT está organizado. A ideia é aproveitar também a divulgação de pré-candidaturas de vereadores, prefeitos, deputados estaduais, parlamentares e governadores para impulsionar os eventos. A data foi escolhida pelo próprio ex-presidente e anunciada pelo deputado Wadih Damous (RJ), que esteve anteontem em Curitiba.
“A ideia é não deixar que o nome dele que continua sendo de esmagadora preferência popular caia no esquecimento. Nós vamos manter um processo de mobilização permanente”, conta Wadih. Segundo o ex-prefeito Luiz Marinho (PT), o movimento é para mostrar ao eleitor que o Lula é candidato a despeito da sua situação jurídica. “É para dialogar com a base, estimular a militância e falar que o Lula está firme, dizer ‘essa é a mensagem do presidente, as razões pelas quais ele vai ser candidato…’ Um pouco para não deixar que isso vá se cristalizando, de que o Lula não poderá ser candidato”, disse. “Fazer uma corrente”, acrescentou.
Marinho lembra que o parecer jurídico, encomendado pelo PT, ao advogado Luiz Fernando Pereira, especialista em Direito Eleitoral, afirma que Lula pode registrar sua candidatura à Presidência mesmo preso e que o indeferimento não pode ser antecipado. Segundo sua estimativa, por mais que o TSE seja célere na tramitação de um processo de impugnação do registro, cumprindo os prazos mínimos, a decisão só poderá sair na metade ou mais da campanha. Houve processos similares que duraram 120 dias, mas Pereira calcula o mínimo de 25 dias. Um dos argumentos usados pelo advogado e repetido por petistas é que 145 prefeitos se elegeram em 2016 sem que houvesse uma decisão final sobre suas candidaturas.
Em vídeo na internet, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, convocou militantes e simpatizantes se organizarem para o lançamento da candidatura de Lula. “No dia 27 de maio, vamos dizer para o Brasil que Lula é o nosso candidato à presidência. Organize um ato na sua cidade, mostre a força que nós temos! Vamos dizer ao Brasil que estamos com Lula”, afirmou. O formato do lançamento e um mote para a pré-candidatura de Lula deverão ser debatidos no Diretório Nacional e no Grupo Tático Eleitoral, que se reúne hoje.
Além dos motes já usados pelo partido como “Lula Livre” e “Lula Presidente” , o PT pretende realizar campanha “Lula será exceção à regra?”, referindo-se à possibilidade de o TSE impugnar a candidatura do ex-presidente. Em uma situação adversa como essa, o PT discute constantemente como levar a estratégia de manter Lula candidato e, ao mesmo tempo, se mobilizar para as eleições.
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