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Escândalo sexual, tiros e morte de PM afastam padre do cargo

por Paulo Da Silva
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Afastamento foi determinado após vídeo com imagens do padre de Matão mantendo relações sexuais com acusado de matar PM se tornar público.

ACidade ON

A Diocese de São Carlos suspendeu na manhã desta quinta-feira (22) o padre Edson Maurício, de 50 anos, da Igreja Santo Expedito, de Matão, protagonista do episódio de extorsão por um ex-detento, que resultou na morte do sargento da PM Paulo Sérgio Arruda, de 43 anos, na última segunda-feira (19).

A suspensão ocorreu nesta amanhã após o vazamento de um vídeo em que o sacerdote aparece mantendo relações sexuais com o ex-detento Édson Ricardo da Silva, 32 anos, o Banana.

Era justamente por causa desse vídeo que o padre estava sendo extorquido. Banana estaria exigindo R$ 80 mil do pároco para não tornar as imagens públicas. O PM Arruda teria saído de Araraquara com outros policiais para socorrer o padre e acabou morrendo numa troca de tiros ocorrido  no Residencial Olivio Benassi, em Matão. O sargento estava de folga.

Em nota, a Diocese de São Carlos informa que diante das imagens e fatos atribuídos ao padre o afastamento foi adotado de imediato.

“Tendo por base o Cânon 1395, parágrafos 1 e 2, do Código de Direito Canônico, o padre foi suspenso de todas e quaisquer atividades, incluindo o ofício de Pároco da Paróquia de Santo Expedito, na cidade de Matão”, diz a nota. A Diocese não informa se o pároco seguirá recebendo ou sustentado pela Igreja.

O bispo Dom Paulo Cezar Costa lamentou o episódio. “Humildemente (o bispo) pede desculpas aos fiéis católicos, aos homens e mulheres de boa vontade, por este ato isolado contra conduta moral e os valores evangélicos, de maneira particular aos fiéis da Paróquia de Santo Expedito, diante desta situação de escândalo causada pela ação do padre. Reafirmamos que a Diocese de São Carlos não compactua com atitudes que possam gerar o contratestemunho dos valores de Jesus Cristo e de sua Igreja”.

As cenas foram gravadas por dois amigos do acusado, conforme comprovam testemunhas ouvidas pela reportagem. A dupla é a mesma que assim como Banana também está procurada pela Justiça: Luiz Antônio Carlos Venção, 28, e Diego Afonso Siqueira Santos, 21.

Justiça

A nota informa ainda que o padre segue à disposição da Justiça para prestar esclarecimento do caso.  O padre, até o momento, não comentou o caso. O ACidade ON procurou o padre, mas até a publicação desta reportagem, ele não respondeu as mensagens.

A morte do PM

O sargento da PM, Paulo Sergio de Arruda, morreu, no final da noite de segunda-feira (19), no Residencial Olivio Benassi, na casa paroquial em Matão.  O PM teria ido até para ajudar o padre a se livrar das ocorrências de extorsão que vinha sofrendo.
Lá, sem que ninguém esperasse, houve uma confusão. Ao ver os PMs, Édson Ricardo Arruda e outros comparsas teriam atirado contra os poliais, provocando uma rápida troca de tiros. O sargento foi baleado duas vezes no peito. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. Os acusados fugiram.

Foragido
O ex-detento Edson Ricardo da Silva, o Banana, de 32 anos, ainda está como foragido da Justiça, mas concedeu entrevista à TV Record, onde admitiu a extorsão ao pároco e ser o mentor da gravação do vídeo com as cenas da relação sexual com o religioso.

“Ele (padre) queria que todo dia eu ficasse com ele; todo dia. E acabou com o meu divórcio e a separação da minha esposa”, diz Edson, afirmando que a ex-mulher descobriu a relação extraconjugal e não o quis mais.

“Ele ficava passando em frente à minha casa. Não dava mais sossego para mim”, disse na entrevista, concedida sob a orientação do advogado Luis Augusto Pena, que, até o momento, negocia a apresentação dos acusados desde que a polícia realize uma série de laudos periciais.

Na entrevista, Banana deixa claro que tinha uma relação íntima e de confiança com o padre. “Eu tinha acesso a casa. Eu tinha chave, controle do portão, da cerca elétrica. Eu tinha tudo. Aí, eu dei a chave para os meninos, entrei primeiro com ele no carro, na casa dele, e os meninos ficaram do lado de fora. Depois de uma meia hora, os meninos entraram e começaram a filmar pelo vidro”.

Banana, negou estar armado. “Na hora eu me deparei com uma pessoa só, encapuzado, e o padre”, afirma o rapaz que negou qualquer disparo destoando das versões passadas pelas testemunhas.

Buscas
Independentemente da versão apresentada pelos acusados, as buscas por eles continuam. Com uma mobilização regional, a Polícia Miliar criou uma verdadeira operação para caçar os três homens apontados como suspeitos de participarem direta e indiretamente da troca de tiros que terminou com a morte do sargento. O policial acompanhado de outros três colegas militares apuravam no horário de folga uma denúncia de extorsão contra o sacerdote.

O comandante do 13º Batalhão da Polícia Militar do Interior, tenente-coronel Adalberto José Ferreira, confirmou a série de buscas ininterruptas pelos três suspeitos não cessará até a prisão. “Estamos buscando informações para que eles sejam responsabilizados pelo crime”, diz o comandante lembrando que ações estão sendo realizadas e planejadas para Matão e algumas cidades da região.

Os três homens estão com prisão decretada pela Justiça. E são eles: Edson Ricardo da Silva, o Banana, de 32 anos, nascido em São Carlos e egresso da cadeia em fevereiro de 2006, após envolvimento com roubo e tráfico de drogas. Luiz Antônio Carlos Venção, 28, também com passagens criminais anteriores por roubo, furto e receptação e que saiu da prisão em julho de 2013; e Diego Afonso Siqueira Santos, 21, que, segundo o delegado Marlos Marcuzzo, de Matão, teve problemas com a polícia quando era menor de idade.

Investigação
A Polícia Militar instaurou inquérito interno para apurar os motivos que levaram o sargento Arruda e mais três pms, um outro sargento e dois cabos a se envolverem na ocorrência no horário de folga e fora da jurisdição. A Polícia Civil também apura o envolvimento de todos no fato. O padre Edson Maurício, da Igreja Santo Expedito, de Matão, até o momento, não se pronunciou publicamente. O ACidade ON tentou contato com ele, mas sem sucesso. Ele não está em casa, na igreja e não atende o telefone.

O que se sabe?
As informações são baseadas nos depoimentos. À Polícia Civil, o padre Edson Mauricio admitiu ter mantido um relacionamento de foro íntimo com um xará, também Edson, conhecido pelo apelido de ‘Banana’. Desde o início de fevereiro, o rapaz de 32 anos fazia ameaças e exigia R$ 80 mil para não fazer revelações sobre o padre. Sem dinheiro para pagar a quantia, o sacerdote chegou a negociar e o rapaz baixou o valor para R$ 60 mil.

O padre, então, com medo, veio para Araraquara conversar com um amigo, que trabalha no segmento de comércio de veículos. Este amigo, por sua vez, disse ao ACidade ON ter pedido orientações para o sargento Arruda. O policial, que estava em seu dia de folga e passearia em Matão, optou por chamar outros três policiais, que estavam de folga e sairiam com ele para uma comemoração pessoal, para ajudarem o padre e conversarem antes com o bandido.

A caridade terminou de forma trágica. Na casa do padre, os policiais entraram e o pároco recebeu novamente uma ligação do rapaz que disse que iria até a casa dele. O bandido chegou com os outros dois homens em duas motos, mas sem saber que os quatro pms estavam escondidos no quarto aguardando o teor da conversa. Quando o trio entrou na casa o Sargento Arruda apareceu. Sem hesitar, Banana disparou três tiros: dois o atingiram no peito do policial e outro a parede. Arruda ainda efetuou um tiro.

Os outros três policiais estariam em outro cômodo da casa e não foram atingidos. O trio fugiu. Sargento Arruda, da PM de Araraquara, chegou a ser socorrido e não resistiu. Ele foi enterrado ontem com a presença de muitos policiais militares e civis, além de amigos e familiares. Colegas lembraram que o sargento era um ótimo policial e querido na corporação. Ele era casado, tinha três filhos e colecionava homenagens. A última delas, em novembro do ano passado, quando recebeu um título na Câmara Municipal.

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